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Com STF perto da maioria, foco migra para prisão e sucessão

 Com STF perto da maioria, foco migra para prisão e sucessão

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Com dois votos já registrados pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o Supremo Tribunal Federal entra em uma fase decisiva. A expectativa gira em torno do ministro Luiz Fux, que nesta quarta-feira pode consolidar a maioria necessária para a condenação.

A depender de sua posição, o julgamento pode avançar para a etapa final ainda nesta semana, abrindo discussões sobre recursos e desdobramentos práticos da pena.

Assim que houver maioria, haverá motivo concreto para se começar a discutir questões como a sucessão objetiva e sem constrangimento do ex-presidente como candidato da direita em 2026 e detalhes sobre onde ele irá passar pela prisão.

Destino da prisão

Um dos pontos mais polêmicos é onde Bolsonaro cumpriria eventual pena em regime fechado. A carceragem da Polícia Federal, que já recebeu Lula (PT) em Curitiba, por exemplo, aparece como opção menos provável. A corporação não deseja repetir os transtornos causados por protestos, visitas e paralisações ocorridas naquela época.

Outra hipótese, pelo histórico militar de Bolsonaro, seria um quartel. O problema é que o Exército já sinalizou ao STF não aceitar essa alternativa. Para a cúpula militar, receber o ex-presidente traria perturbações à rotina e criaria embaraços institucionais, sobretudo porque ele deve perder a patente em decorrência da condenação.

A terceira possibilidade seria a Penitenciária da Papuda, em Brasília. Esta, porém, é a opção mais temida pelo próprio Bolsonaro. Familiares e aliados relatam que sua maior angústia, mais do que a condenação em si, é ser enviado a uma penitenciária comum.

Prisão domiciliar

Por causa da saúde fragilizada desde a facada sofrida em 2018, a defesa de Bolsonaro insiste na alternativa da prisão domiciliar, caso ele seja mesmo condenado. Os advogados argumentam que o ex-presidente enfrenta complicações persistentes e que a cadeia tradicional poderia agravar seu quadro clínico.

Essa tese tem encontrado eco até mesmo entre os ministros do STF, que consideram também o peso da opinião pública. Uma eventual morte do ex-presidente dentro de um presídio representaria desgaste político extremo para a Corte, o que reforça a probabilidade de concessão de um regime domiciliar, com restrições severas.

Impacto político

O desfecho jurídico acelera outra discussão: a sucessão política no campo bolsonarista rumo a 2026. Tarcísio de Freitas desponta como favorito, especialmente após declarar apoio aberto a Bolsonaro e à pauta da anistia.

Ainda assim, alguns membros da família pressionam para que o herdeiro político carregue o sobrenome Bolsonaro, sustentando a identidade do movimento, e a ascendência deles, lógico. O próprio ex-presidente, apesar de simpático a Tarcísio, não descarta essa linha de continuidade.

Por outro lado, enquanto o bolsonarismo busca reorganizar-se, a proposta de anistia, vista como alternativa para blindar o grupo, não avançará no Congresso, ao menos por enquanto.

O Colégio de Líderes da Câmara definiu a pauta da semana e deixou o tema de fora. Sem essa válvula de escape, a condenação ganha contornos mais definitivos.

Panorama

Como a condenação já está bastante encaminhada, nem é mais o maior dos problemas de Jair Bolsonaro. Se, ao menos, garantir que ficará em prisão domiciliar, pouca coisa muda, além da impossibilidade de ser um ator presente no processo eleitoral de 2026. O maior desafio para Bolsonaro, agora, é conseguir se manter relevante para o seu próprio grupo político.

Esse era o desafio de Lula em 2018 também. Para isso, sacrificou Haddad e obrigou seu virtual sucessor da época a visitá-lo na cadeia com frequência, para não ser esquecido durante a eleição daquele ano. Em grande parte, o PT perdeu por aquilo, a esquerda foi prejudicada, mas a imagem de Lula sobreviveu como líder.

Bolsonaro conseguirá fazer a mesma coisa? E a centro-direita, que sonha com Tarcísio de Freitas, aceitará essa condição suicida apenas para manter viva a imagem do ex-presidente?

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