Censo 2022: Pernambuco tem maior dependência de carro pipa do País para abastecimento de água
Sete em cada dez pernambucanos têm rede geral como principal forma de abastecimento de água, mas proporção de pernambucanos que têm carro-pipa como fonte prioritária é a maior do país. Os dados são do Censo 2022 – Características dos Domicílios – Resultados do Universo, divulgados nessa sexta-feira (23), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Em Pernambuco, 70,6% dos habitantes têm a rede geral de distribuição como principal forma de abastecimento de água em suas residências, sendo que essa porcentagem está abaixo da média nacional (82,6%).
O estado está em 20º lugar no ranking brasileiro e tem o terceiro pior desempenho do Nordeste, à frente apenas de Alagoas e Maranhão. O Censo 2022 considera que os domicílios podem ter mais de uma forma de abastecimento de água, mas a pesquisa conta apenas a maneira pela qual a água chega aos lares com maior frequência.
O local com maior abrangência de rede geral de distribuição é Fernando de Noronha, onde esse tipo de abastecimento é o principal para 94,27% dos moradores, seguidos por Cupira (93,75%) e Petrolina (93,68%). O município com menor percentual é Poção, com apenas 1,82% da população atendida principalmente por rede geral.
Em segundo lugar, está o poço profundo ou artesiano, com 992.993 pessoas que o utilizam como forma principal de abastecimento de água, o equivalente a 11,01% dos pernambucanos. O município com maior percentual de moradores atendidos principalmente por poço artesiano é Lagoa de Itaenga (43,38%).
MAIOR PROPORÇÃO DO PAÍS
Em terceiro lugar, está o carro-pipa, que é a forma principal de abastecimento de água para 8,1% dos pernambucanos, a maior proporção de todo o país. A média brasileira, por sua vez, é de 1,05%. Em Pernambuco, 730.808 pessoas tinham o carro-pipa como principal forma de abastecimento de água em suas casas, mesmo que essas residências também estejam conectadas à rede geral de distribuição ou outra forma de abastecimento.
O maior percentual ficou com Taquaritinga do Norte, onde 75,09% da população do município dependia de carro-pipa como principal forma de abastecimento de água. Em números absolutos, Santa Cruz do Capibaribe foi a campeã: 55.927 moradores alegaram ter o carro-pipa como principal forma de abastecimento de água.
As outras formas principais de abastecimento encontradas em Pernambuco são poço raso, freático ou cacimba (4,38%), água da chuva armazenada (2,27%), outras formas de abastecimento (1,57%), rios, açudes, córregos, lagos e igarapés (1,31%) e fonte, nascente ou mina (0,75%).
O Censo também pesquisa a existência de canalização de água nos domicílios. No estado, 85,48% dos habitantes têm água encanada até dentro da casa, apartamento ou habitação, o quarto percentual mais baixo do país, à frente apenas do Amazonas (84,2%), Maranhão (80,72%) e Acre (80,48%).
Pernambuco também tem o terceiro maior percentual do país de moradores que vivem em domicílios sem água canalizada (9,24%). Além disso, 5,28% dos pernambucanos vivem em domicílios onde a água é canalizada apenas no terreno.
ACESSO A REDE DE ESGOTAMENTO
De acordo com o Censo 2022, a rede geral, rede pluvial ou fossa ligada à rede de esgotamento sanitário atende 52,27% dos moradores de Pernambuco, o equivalente a 4,7 milhões de pessoas, contra 41,82% da população no Censo 2010. Com o resultado, Pernambuco está em décimo lugar nacional e tem o segundo melhor percentual do Nordeste, atrás apenas de Sergipe (53,63%). No entanto, os números são inferiores à média nacional, que alcançou 62,51%.
O município de Santa Cruz do Capibaribe tem 88,94% dos moradores atendidos pela rede geral de esgotamento sanitário, o maior percentual entre os municípios do estado, em contraste com São José da Coroa Grande, cuja porcentagem foi de 1,04%, a menor da pesquisa.
FORMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Em segundo lugar entre as formas de esgotamento sanitário em Pernambuco, está a fossa rudimentar ou buraco (23,95%) e, na sequência, está a fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede (13,24%), solução individual ainda considerada adequada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB).
Os demais tipos de esgotamento sanitário pesquisados pelo levantamento são vala, utilizados por 4,03% da população, rio, lago, córrego ou mar (3,87%), e outra forma (1,58%). Pouco mais de 1% dos pernambucanos (1,07%) não têm banheiro nem sanitário.
O Censo 2022 também investigou a existência de banheiros e sanitários nos domicílios. No estado, 96,88% dos aproximadamente 9 milhões de moradores do estado viviam em domicílios com ao menos um banheiro de uso exclusivo, incluindo chuveiro e vaso sanitário, contra 89,33% registrados no Censo 2010. Dos pernambucanos que viviam em lares com banheiro em 2022, 68,81% deles tinham um banheiro disponível, 21,3% moravam em residências com dois, 4,69% com três e 2,07% com quatro banheiros ou mais.
Por outro lado, 1,56% dos pernambucanos viviam em lares onde havia apenas sanitário ou buraco para dejeções, inclusive os localizados no terreno, contra 5,23% em 2010 e 1,07% dos habitantes do estado, o equivalente a 96.279 pessoas, viviam em lares sem banheiro nem sanitário. Em 2010, eram 5,43% da população. Além disso, 0,49% dos moradores do estado usavam banheiro comum a mais de um domicílio, categoria incluída no Censo 2022.
O destino do lixo foi outra característica dos domicílios pesquisada pelo Censo 2022. O tipo de descarte mais frequente foi o “Coletado no domicílio por serviço de limpeza”, com 76,32% da população residindo em domicílios nos quais esse era o destino do lixo. Somando aos 8,37% da população que deposita os resíduos em caçamba de serviço de limpeza, chegam-se aos 84,69% da população com coleta direta ou indireta de lixo.
O resultado mostra um aumento na comparação com o Censo 2010, quando o percentual de coleta de lixo era de 79,7%. Mesmo com o crescimento de aproximadamente 5% ao longo de 12 anos, a proporção está abaixo da média nacional, de 90,9%.
Os 15,31% restantes recorriam a soluções locais ou individuais para a destinação do lixo. Na sequência, 12,11% dos pernambucanos queimaram o lixo na propriedade e 2,72% jogaram em terreno baldio, encosta ou área pública – a maior proporção entre todos os estados do Brasil -, 0,34% deram outro destino e 0,14% enterraram na propriedade.
Entre as localidades pernambucanas, o maior percentual de coleta de lixo foi verificado no Distrito Estadual de Fernando de Noronha (99,67%) e, em seguida, Recife (98,26%). O menor índice ficou com Carnaubeira da Penha (17,27%) de população atendida por coleta de lixo. O município, por sua vez, tem o maior percentual de moradores que queimam o lixo na propriedade (78,14%).
Um em cada dez pernambucanos vive em apartamentos
A maior parte dos pernambucanos ainda vive em casas, mas o número de moradores de apartamentos vem crescendo. Em 2022, 88,36% dos habitantes do estado moravam em casas, o equivalente a sete milhões e 969 mil pessoas, contra 91,6% em 2010. Com o resultado, o estado ficou acima da média nacional (84,78%), mas abaixo da média nordestina (89,88%).
Já o percentual de pessoas que mora em apartamentos no estado subiu de 7,23% do total no Censo 2010 para 10,5% no Censo 2022, totalizando 906.722 habitantes. Além disso, 126.985 pernambucanos, ou 1,41% do total, vive em casas de vila ou condomínio, 12.727, ou 0,14% do total, mora em casas de cômodos ou cortiços e 2.868 habitantes, ou 0,03%, habita estrutura residencial permanente degradada ou inacabada.
O Recife foi o município pernambucano onde menos pessoas residem em casas: 70,26% dos habitantes, ou 1 milhão e 39 mil pessoas. Na sequência, estão Paulista (73,89%), Jaboatão dos Guararapes (77,14%), Caruaru (81,49%) e Olinda (82,11%). No estado, o município de Belém de Maria é onde mais pessoas vivem em casas: 99,98% do total.
A capital pernambucana também é o município onde mais pessoas vivem em apartamentos, com 27,8% da população neste tipo de domicílio. Este é o 10º maior percentual entra as capitais brasileiras e o segundo maior do Nordeste, atrás apenas de João Pessoa, com 37,48%. Em Solidão, São Benedito do Sul, Paranatama, Camutanga e Belém de Maria, não foi registrada a existência de apartamentos.